Os Principais Problemas de Medir Esforço Estimado x Realizado Individualmente | beefor

Os Principais Problemas de Medir Esforço Estimado x Realizado Individualmente

Por: 20 de fevereiro de 2025 6Min de leitura

Estimado x Realizado… hummm. Que dilema!

Uma das abordagens mais comuns que vemos no modelo tradicional de gestão de desenvolvimento, especialmente se falando de medição de performance, é comparar o estimado X realizado.

A questão aqui é o modelo de avaliação tarefa a tarefa.

Medir entregas individuais, comparando esforço estimado x realizado de cada individuo, não traduz o que se espera, que é a produtividade.

Você certamente já ouviu dizer que métricas moldam comportamentos. Então, quando queremos medir produtividade olhando para estimado x realizado de tarefas criamos disfunções que podem ser prejudiciais e ainda “esconder” os reais problemas e dificuldades dos times.

Vamos ver alguns:

Cria um Incentivo Para “Jogar Seguro” nas Estimativas

Se um indivíduo sabe que será avaliado pela precisão das suas estimativas, ele tem um forte incentivo para superestimar o esforço necessário.

Exemplo: Um desenvolvedor pode dizer que precisa de 5 dias para uma tarefa que levaria 3, garantindo que sua entrega sempre pareça eficiente. Isso reduz a transparência e prejudica o fluxo do time.

Ignora a Natureza do Trabalho do Conhecimento

Diferente do trabalho industrial, onde tarefas repetitivas têm tempos previsíveis, no desenvolvimento de software e em outros trabalhos do conhecimento, cada tarefa tem variabilidade e incerteza.

Exemplo: Uma funcionalidade aparentemente simples pode esconder complexidades técnicas, bugs inesperados ou dependências externas que aumentam o tempo necessário.

Se a métrica pune quem leva mais tempo do que o estimado, as pessoas vão evitar desafios e inovações, prejudicando a evolução do produto.

Promove Cultura de Culpabilização e Desmotivação

Se cada pessoa for medida pela precisão das suas estimativas, a equipe deixa de agir como um time colaborativo e passa a se preocupar com sua própria métrica.

Consequências:

Menos colaboração entre colegas

Medo de assumir tarefas desafiadoras

Cultura de culpabilização quando estimativas não batem

A equipe deixa de ser ágil e passa a jogar um jogo de “salvar a própria pele”.

Desconsidera Fatores Sistêmicos

Medir estimado vs. realizado individualmente ignora o fato de que o desempenho de cada pessoa é impactado pelo fluxo de trabalho como um todo.

Exemplo: Um desenvolvedor pode demorar mais que o esperado porque:

* O Product Owner atrasou uma resposta

* A infraestrutura estava instável

* O código legado tem mais complexidade do que o esperado

Culpar o indivíduo pelo tempo gasto é um erro sistêmico.

Faz as Pessoas Priorizarem Velocidade em Detrimento da Qualidade

Se as pessoas sabem que serão medidas por “entregar dentro do tempo estimado”, a tendência é que foquem mais na velocidade do que na qualidade, o que pode gerar retrabalho, bugs e problemas a longo prazo.

Consequência: O time perde tempo corrigindo erros que poderiam ter sido evitados.

Além disso, contar tarefa e esforço realizado diz o que?

Apenas se uma pessoa entregou mais “coisas” que outra pessoa, certo?

Ou seja, uma pessoa entregou 5 coisas em 20 horas e outra pessoa entregou 2 coisas em 20 horas. O que isso quer dizer? Nada!

Então, de forma simples, o melhor modelo é quando a equipe está focada em entregar a coisa certa, do jeito certo e o mais rápido possível

Entregar qualquer coisa o mais rápido possível corre o risco de entregar mil coisas erradas o mais rápido possível. Desperdício e prejuízo.

Isso também acontece pq o trabalho é avaliada de forma isolada, fora do contexto do todo, ou seja, daquilo que mais importa, o cliente e fora do contexto do sistema como um todo que influencia diretamente o trabalho de todos.

Assim, o ideal é que criemos um modelo e sistema onde todo o trabalho está relacionado a um propósito e valor maior.

O Que Medir no Lugar?

Se a intenção é melhorar previsibilidade e eficiência, há métricas melhores para analisar:

Métricas de fluxo:

* Lead Time (tempo desde o início até a entrega)

* Cycle Time (tempo que a equipe leva para concluir tarefas)

* Throughput (quantidade de itens entregues em um período)

Métricas de previsibilidade:

* Percentual de itens entregues dentro do tempo esperado (mas olhando para a equipe, não para indivíduos)

Métricas de qualidade:

* Número de bugs em produção

* Tempo de recuperação de falhas (MTTR – Mean Time to Repair)

Indicadores de Resultado de Valor:

. OKR

. Objetivos de Sprint

Conclusão: Por Que Evitar Medir Estimativa vs. Realizado Individualmente?

Incentiva superestimação e burocracia desnecessária

Gera medo e desmotiva a equipe

Ignora os fatores sistêmicos que afetam o desempenho

Prejudica a colaboração e a inovação

Torna a equipe mais lenta e menos eficiente no longo prazo

No fim das contas, o objetivo não é prever exatamente o tempo de cada tarefa, mas sim melhorar o fluxo de entrega da equipe como um todo.

Quer explorar um caso real ou uma alternativa mais adequada ao seu contexto?